Marcos
(Mc)
Autor:
Marcos
Data:
Cerca
de 65—70 dC
Quem
é o autor?
Mesmo que o Evangelho de Marcos seja anônimo, a antiga
tradição é unânime em dizer que o autor foi João Marcos, seguidor próximo de
Pedro ( 1Pe 5.13) e companheiro de Paulo e Barnabé em sua primeira viagem
missionária. O mais antigo testemunho da autoria de Marcos tem origem em
Papias, bispo da Igreja em Hierápolis (cerca de 135-140 dC), testemunho que é
preservado na História Eclesiástica de Eusébio. Papias descreve marcos como
“interprete de Pedro”. Embora a igreja antiga tenha tomado cuidado em manter a
autoria apostólica direta dos Evangelhos, os pais da igreja atribuíram
coerentemente este Evangelho a Marcos, que não era um apóstolo.
Data
de escrita?
Os fundadores da Igreja declaram que o Evangelho de Marcos
foi escrito depois da morte de Pedro, que aconteceu durante as perseguições do
Imperador Nero por volta de 67 dC. O Evangelho em si, especialmente o cap. 13,
indica ter sido escrito antes da destruição do Templo em 70 dC. A maior parte
das evidências sustenta uma data entre 65 e 70 dC.
Contexto
Histórico
Em 64 dC, Nero acusou a comunidade cristã de colocar fogo
na cidade de Roma, e por esse motivo instigou uma temerosa perseguição na qual
Paulo e Pedro morreram. Em meio a uma igreja perseguida, vivendo constantemente
sob ameaça de morte, o evangelista Marcos escreveu suas “boas novas”. Está
claro que ele quer que seus leitores tomem a vida e exemplo de Jesus como
modelo de coragem e força. O que era verdade para Jesus deveria ser para os
apóstolos e discípulos de todas as idades. No centro do Evangelho há
pronunciamentos explícito de “que importava que o Filho do Homem padecesse
muito, e que fosse rejeitado pelos anciãos, e pelos príncipes dos sacerdotes e
pelos escribas, que fosse morto, mas que, depois de três dias, ressuscitaria”
(8.31) Esse pronunciamento de sofrimento e morte é repetido (9.31; 10.32-34),
mas torna-se uma norma para o comprometimento do discipulado: “Se alguém quiser
vir após mim, negue-se a si mesmo, e tome a sua cruz e siga-me” (8.34). Marcos
guia seus leitores à cruz de Jesus, onde eles podem descobrir o significado e
esperança em seu sofrimento.
Conteúdo
do Livro
Marcos estrutura seu Evangelho em torno de vários
movimentos geográficos de Jesus, que chega ao clímax com sua morte e
ressurreição subseqüente. Após a introdução (1.1-13), Marcos narra o ministério
público de Jesus na Galiléia (1.14-9.50) e Judéia (caps 10-13), culminando na
paixão e ressurreição (caps 14-16). O Evangelho pode ser visto como duas
metades unidas pela confissão de Pedro de que Jesus era o Messias (8.17-30) e
pelo primeiro anúncio de Jesus e sua crucificação (8.31).
Marcos é o menor dos Evangelhos, e não contém nenhuma
genealogia e explicação do nascimento e antigo ministério de Jesus na Judéia. É
o evangelho da ação, movendo-se rapidamente de uma cena para outra. O Evangelho
de João é um retrato estudado do Senhor, Mt e Lc apresentam o que poderia ser
descrito como uma série de imagens coloridas, enquanto que Marcos é como um
filme da vida de Jesus. Ele destaca as atividades dos registros mediante o uso
da palavra grega “euteos” que costuma ser traduzia por “imediatamente”. A
palavra ocorre quarenta e duas vezes, mais do que em todo o resto do NT. O uso
freqüente do imperfeito por Marcos denotando ação contínua, também torna a
narrativa rápida.
Marcos também é o Evangelho da vivacidade. Frases
gráficas e surpreendentes ocorrem com freqüência para permitir que o leitor
reproduza mentalmente a cena descrita. Os olhares e gestos de Jesus recebem atenção
fora do comum. Existem muitos latinismos no Evangelho (4.21; 12.14; 6.27;
15.39). Marcos enfatiza pouco a lei e os costumes judaicos, e sempre os
interpreta para o leitor quando os menciona. Essa característica tende a apoiar
a tradição de que Marcos escreveu para uma audiência romana e gentílica.
De muitas formas, ele enfatiza a Paixão de Jesus de modo
que se torna a escala pela qual todo o ministério pode ser medido: “Porque o
Filho do Homem também não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida
em resgate de muitos”(10.45). Todo o ministério de Jesus (milagres, comunhão
com os pecadores, escolha de discípulos, ensinamentos sobre o reino de Deus,
etc.) está inserido no contexto do amor oferecido pelo Filho de Deus, que tem
seu clímax na cruz e ressurreição.
Cristo
Revelado em Marcos
Esse livro não é uma biografia, mas uma história concisa
da redenção obtida mediante o trabalho expiatório de Cristo. Marcos demonstra
as reivindicações messiânicas de Jesus enfatizando sua autoridade com o Mestre
(1.22) e sua autoridade sobre satanás e os espírito malignos (1.27; 3.19-30), o
pecado (2.1-12), o sábado (2.27-28; 3.1-6), a natureza (4.35-41; 6.45-52), a
doença (5.21-34), a morte (5.35-43), as tradições legalistas (7.1-13,14-20), e
o templo (11.15-18).
Título de abertura do trabalho de Mc, “Princípio do
Evangelho de Jesus Cristo, Filho de Deus” (1.1), fornece sua tese central em
relação a identidade de Jesus como o filho de Deus. Tanto o batismo quanto a
transfiguração testemunham sua qualidade de filho (1.11; 9.7). Em duas
ocasiões, os espíritos imundos o reconhecem como Filho de Deus (3.11; 5.7). A
parábola dos lavradores malvados (12.6) faz alusão à qualidade de filho divino
de Jesus (12.6). Por fim, a narrativa da crucificação termina com a confissão
do centurião: “Verdadeiramente, este homem era o Filho de Deus.” (15.39)
O titulo que Jesus usava com mais freqüência para si
próprio, num total de catorze vezes em Marcos, é “Filho do Homem”. Como
designação para o Messias, este termo (ver Dn 7.13) não era tão popular entre
os Judeus como o título “Filho do Homem” para revelar e para esconder seu
messianismo e relacionar-se tanto com Deus quanto com o homem.
Marcos, atentando para o discipulado, sugere que os
discípulos de Jesus deveriam ter um discernimento amplo ao mistério de sua
identidade. Mesmo apesar de muitas pessoas interpretarem mal sua pessoa e
missão, enquanto os demônios confessam sua qualidade de filho de Deus, os
discípulos de Jesus precisam ver além de sua missão, aceitar sua cruz e
segui-lo. A segunda vinda do Filho do Homem revelará totalmente seu poder e
glória.
O
Espírito Santo em Ação
Junto com os outros escritores do Evangelho, Marcos
recorda a profecia de João Batista de que Jesus “vos batizará com o ES” (1.8),
Os crentes seriam totalmente imersos no Espírito, como os seguidores de João o
eram nas águas.
O ES desceu sobre Jesus em seu batismo (1.10),
habilitando-o para seu trabalho messiânico de cumprimento da profecia de Isaías
(Is 42.1; 48.16; 61.1-2). A narrativa do ministério subseqüente de Cristo testemunha
o fato de que seus milagres e ensinamentos resultaram da unção do ES.
Marcos declara graficamente que “o Espírito o impeliu
para o deserto” (1.12) para que fosse tentado, sugerindo a urgência por
encontrar e vencer as tentações de satanás, que queria corrompê-lo antes que le
embarcasse em uma missão de destruir o poder do inimigo nos outros.
O pecado contra o ES é colocado em contraste com “todos
os pecados” (3.28), pois esses pecados e blasfêmias podem ser perdoados. O
contexto define o significado dessa verdade assustadora. Os escribas
blasfemaram contra o ES ao atribuírem a satanás a expulsão dos demônios. Que
Jesus realizava pela ação do ES (3.22). Sua visão prejudicada tornou-os
incapazes do verdadeiro discernimento. A explicação de Marcos confirma o motivo
de Jesus ter feito essa grave declaração (3.30).
Jesus também refere à inspiração do AT pelo ES (12.36).
Um grande estímulo aos cristãos que enfrentam a hostilidade de autoridades
injustas é a garantia do Senhor de que o ES falará através deles quando testemunharem
de Cristo (13.11).
Além das referências explícitas ao ES, Marcos emprega
palavras associadas com o dom do Espírito, como poder, autoridade, profeta,
cura, imposição de mãos, Messias e Reino.
Esboço
de Marcos
Introdução 1.1-13
Declaração sumária 1.1
Cumprimento da profecia do AT 1.2-3
O ministério de João Batista 1.4-8
O batismo de Jesus 1.9-11
A tentação de Jesus 1.12-13
I. O
Ministério de Jesus na Galiléia 1.14-9.50
Princípio: Sucesso e conflito iniciais 1.14-3.6
Etapas posteriores: Aumento de popularidade e oposição
3.7-6.13
Ministério fora da Galiléia 6.14-8.26
Ministério no caminho para a Judéia 8.26-9.50
II.
O Ministério de Jesus na Judéia 10.1-16.20
Ministério na Transjordânia 10.1-52
Ministério em Jerusalém 11.1-13.37
A Paixão 14.1-15.47
A ressurreição 16.1-20
Fonte:
Bíblia Plenitude
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